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Enfermagem

Precisamos voltar a falar de “Prevenção em Saúde” apesar da pandemia

Estamos enfrentando provavelmente a maior e mais devastadora crise na saúde dos últimos 100 anos. A infecção causada pelo Coronavírus não impacta somente quem é acometido pela COVID-19, mas todos os cidadãos. Vemos, hoje, em todo o Brasil, um colapso de todo o sistema de saúde, fazendo com que a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de outras doenças fossem interrompidos ou adiados, colocando várias vidas em cheque. Já perdemos mais de 400 mil brasileiros para a COVID-19, e esses números só aumentam. Quantos mais irão morrer indiretamente com essa tragédia

Quando avaliamos a situação dos pacientes com câncer, por exemplo, vemos a seguinte situação? O Instituto ONCOGUIA lançou o Radar do Câncer, que analisa dados do SUS e mostra os efeitos da pandemia nessa realidade. Eles descrevem um cenário assustador: só em biópsias, exame necessário para confirmar o diagnóstico de câncer, houve uma redução de quase 40%, comparando março a dezembro de 2020 com o mesmo período de 2019. Isso mesmo, minha gente! Quase metade dos pacientes com suspeita de câncer não foram sequer diagnosticados. Sem diagnóstico, não há tratamento. Sem tratamento, a doença evolui e as chances de cura se reduzem a cada dia.

Um estudo realizado pelo Departamento de Oncologia da Queen’s University, no Canadá, estima que a cada mês de retardo no tratamento de um paciente com câncer ocorre o aumento de 13% nas chances de morte.

Sabemos que os esforços neste momento, acertadamente, estão na pandemia pelo COVID-19, porém não podemos deixar os pacientes oncológicos ou com outras doenças crônicas que ameaçam a vida desprotegidos.

De um lado, precisamos mirar a pandemia pela COVID-19. De outro, precisamos manter uma estrutura capaz de ofertar, com segurança, todos os exames preventivos, biópsias e tratamentos para as demais doenças, sob pena de precisarmos enfrentar mais uma onda de mortes por doenças que poderiam ser tratadas precocemente, como o câncer, doenças cardiovasculares, etc.

Se em um cenário sem pandemia, já corríamos contra o tempo para conseguir um diagnóstico precoce, agora nossa maratona inclui alguns obstáculos a mais.

É triste pensar que em pouco tempo iremos enfrentar um surto de pacientes com tumores avançados, insuficiências cardíacas, infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais que deixaram de ser flagrados e tratados a tempo.

E se você chegou até aqui, faço um singelo pedido: Não deixe para daqui a pouco. Olhe para você. E ao menor sinal de que há algo errado com a sua saúde, busque atendimento. Não há motivos para esperar. Sua saúde é o que você tem de mais precioso.

Cinthya R. Alba Rech
Enfermeira Paliativista
COREN PR 104793

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